quarta-feira, 14 de março de 2007

Saudades da Porra!

Daí chove
e o tempo para.

e eu penso na sala
que tá vazia

na cama que tá fria
na cidade vazia

Céu de verão
chuvão
eu e vocÊ
no edredão

:O)

Volta Logo

Amanhã você chega
Quero ouvir tudo
te contar tudo
da Light da chuva da bicicleta

Quero ouvir da neve
do jazz da ida e da vinda
da onomatopéia

daí agente descansa
e dança, e dança
intermitentemente

Quadrilha que amava

Que maravilha
Ai, o primeiro copo,
o primeiro corpo, o primeiro amor
Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor
Carlos amava Dora que amava Lia que amava
Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos
que amava Dora Que amava Rita que amava Dito
que amava Rita que amava Dito que amava Rita
que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro
que amava tanto que amava a filha
que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha
que amava toda a quadrilha
que amava toda a quadrilha

E agora José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama,
protesta?
e agora, José?

Assim foi?

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim

que amava Lili que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Depois que se cesce amadurece e cesse

Ai, o primeiro copo,
o primeiro corpo o primeiro amor
Vê passar ela
como dança balança avança e recua
A gente sua a roupa da cuja se lava no meio da rua

Despudorada, dada, a danada agrada andar semi-nua e continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama o primeiro amor
Carlos amava Dora, que amava Lia, que amava Léa,
que amava Dora, que amava Rita, que amava Dito,
que amava Rita, que amava Dito, que amava Rita, que amava
Carlos amava Dora, que amava Pedro, que amava tanto,
que amava a filha, que amava Carlos, que amava Dora, que amava toda quadrilha,
Que amava toda quadrilha
Que amava toda quadrilha
Que amava toda quadrilha

Depois que se cesce amadurece e cesse

Ai, o primeiro copo,
o primeiro corpo o primeiro amor
Vê passar ela
como dança balança avança e recua
A gente sua a roupa da cuja se lava no meio da rua

Despudorada, dada, a danada agrada andar semi-nua e continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama o primeiro amor
Carlos amava Dora, que amava Lia, que amava Léa,
que amava Dora, que amava Rita, que amava Dito,
que amava Rita, que amava Dito, que amava Rita, que amava
Carlos amava Dora, que amava Pedro, que amava tanto,
que amava a filha, que amava Carlos, que amava Dora, que amava toda quadrilha,
Que amava toda quadrilha
Que amava toda quadrilha
Que amava toda quadrilha

terça-feira, 13 de março de 2007

"América Latina
Guaicaipuro Cautemóc Fala de Guaicaipuro Cautémoc:
"A verdadeira dívida externa." - fala do cacique Guaicaipuro Cautémoc numa reunião com chefes de estado da Comunidade Européia.

Eu, Guaicaipuro Cautémoc, descendente dos que povoaram a américa há 40 mil anos, vim aqui encontrar os que nos encontraram há apenas 500 anos.O irmão advogado europeu me explica que aqui toda dívida deve ser paga, ainda que para isso se tenha que vender seres humanos ou países inteiros.Pois bem! Eu também tenho dívidas a cobrar. Consta no arquivo das índias ocidentais que entre os anos de 1503 e 1660, chegaram à europa 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata vindos da minha terra!...

Teria sido um saque? Não acredito. Seria pensar que os irmãos cristãos faltaram a seu sétimo mandamento.Genocídio?... Não. Eu jamais pensaria que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão.Espoliação?... Seria o mesmo que dizer que o capitalismo deslanchou graças à inundação da europa pelos metais preciosos arrancados de minha terra!

Vamos considerar que esse ouro e essa prata foram o primeiro de muitos empréstimos amigáveis que fizemos à europa. Achar que não foi isso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que me daria o direito de exigir a devolução dos metais e a cobrar indenização por danos e perdas.Prefiro crer que nós, índios, fizemos um empréstimo a vocês, europeus.Ao comemorar o quinto centenário desse empréstimo, nos perguntamos se vocês usaram racional e responsavelmente os fundos que lhes adiantamos.Lamentamos dizer que não.Vocês dilapidaram esse dinheiro em armadas invencíveis, terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo. e acabaram ocupados pelas tropas da OTAN.Vocês foram incapazes de acabar com o capital e deixar de depender das matérias primas e da energia barata que arrancam do terceiro mundo.
Esse quadro deplorável corrobora a afirmação de milton friedmann, segundo o qual uma economia não pode depender de subsídios.

Por isso, meus senhores da europa, eu, guaicaipuro cautémoc, me sinto obrigado a cobrar o empréstimo que tão generosamente lhes concedemos há 500 anos. E os juros.É para seu próprio bem.Não, não vamos cobrar de vocês as taxas de 20 a 30 por cento de juros que vocês impõem ao terceiro mundo.Queremos apenas a devolução dos metais preciosos, mais 10 por cento sobre 500 anos.Lamento dizer, mas a dívida européia para conosco, índios, pesa mais que o planeta terra!... E vejam que calculamos isso em ouro e prata. Não consideramos o sangue derramado de nossos ancestrais!Sei que vocês não têm esse dinheiro, porque não souberam gerar riquezas com nosso generoso empréstimo.Mas há sempre uma saída: entreguem-nos a europa inteira, como primeira prestação de sua dívida histórica."

E o cara é indio ... dá uns epelhinhos pra ele...quem sabe ele te ensina a se enxergar...

Tu és Fausto

Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles, é o diabo.
E todos vocês são Faustos.
Faustos, os que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada.
Quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta.
O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços.

Mas eu não sou o que vocês pensam.
Eu não sou exatamente o que as Igrejas pensam.
As Igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de noite.
Ele é o Sol, eu sou a Lua.
A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras.
Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida,
figura que lhe darei toda felicidade.
Figura que te beijaria indefinidamente.
Era eu.
Sou eu.
Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar.

Os problemas que atormentam os Deuses.
Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de Melo Neto:
Ai de mim, ai de mim.
Quem sou eu?

Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem eu sou.
Senhores, venham até mim, venham até mim, venham.
Eu os deixarei em rodopios fascinantes,
vivos nos castelos e nas trevas,
e nas trevas vocês verão todo o esplendor.

De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem?
De que adianta pagar as contas no fim do mês
religiosamente, as contas de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU?
Todos vocês são Faustos.
Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem
através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem.

As suas bem humanas insaciabilidade,
terão lábios, manjares, bebidas.
É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo.
As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!!

Sobre o(a) autor(a):Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832), nasceu em Frankfurt. Grande poeta e pensador alemão. Sua vasta obra abrange peças dramáticas, romances, contos, poesias líricas, cartas e descrições de viagem. Obras como: Fausto, Afinidades Eletivas e Ifigênia

Memórias em Cárcere

Coisa engraçada a Mente
Que mente sempre
e não pára nunca

Mas se um dia para
por tombo ou cirurgia
é um susto

pra quem vÊ,
para quem ajuda,
e sempre pra quem sente

A mente não é o cérebro
nem as sinapses
é uma coisa assim
meio in definida

Parece o pensamento
que surge do nada
e vai temporariamente
pra algum lugar

A memória é também
algo assim
impermanente
lembra?

Se treinada é como cachorrinho:obedece
se não, é um gatinho

Você não é sua memória
Não como te chamam
ou o que você faz
Você simplesmente é.

5ªNA

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tú que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo-
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.

Sobre o(a) autor(a):Mario de Miranda Quintana, gaúcho da cidade de Alegrete, é o poeta das coisas simples. Despreocupado em relação à crítica, faz poesia porque "sente necessidade", segundo suas próprias palavras.

Eyquem de Montaigne

"Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz.
O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro.
Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva.
Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós.
Estamos sempre além.
O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro,
sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será,
embora o tempo passe e já não sejamos mais.

Sobre o(a) autor(a):Michel Eyquem de Montaigne viveu entre 1533 e 1592 na França e era um pessimista em relação a sociedade da sua época. Foi o criador de um novo gênero literário, os "ensaios" em pleno renascimento francês.

Tica na maçã

saudades do cheiro da fruta
da cor do céu
da manhã
...do bom humor

Saudades não têm idades
não faz anos
faz segundos

a eternidade
num só momento
A foto do entardecer

Manhatan cheia
Madre vazia

Saudades docÊ!