sexta-feira, 2 de junho de 2006

Morte

São "recursos" ou artimanhas usadas pelo eu,
existência que pretende se perpetuar e dominar:
(a) repressão;
(b) sublimação;
(c) racionalização;
(d) projeção e
(e) regressão.

Os mesmo truques que Freud denunciou como "dinamismos" para resolver incompatibilidades entre a natureza primitiva animalóide (o Id) e as exigências do que ele chamava de realidade.

Freud encontrou dois instintos básicos na alma humana: eros e thanatos, isto é, o instinto do sexo-vida (libido) e o instinto da morte.

Todavia, não obstante a genialidade e pioneirismo de Freud ele somente tratou, observou e estudou neuróticos. E, partir daí, autorizou-se a estender a todas as pessoas suas conclusões. Que sabia ele sobre a mente de um santo, de um yogi, ou de uma pessoa apenas mentalmente sadia? Se é que para ele exitiam tais pessoas.

'Tanha' (a sede de existir) e 'abhinivesha' (o medo de morrer) são a mesma coisa. Trata-se domesmo instinto essencial, que expressa uma lei universal, a "lei do sobreviva", ou a "lei do continue".

O ego pessoal tem muito apego a seu trono usurpado, o trono de Eu Sou. Ele é o grande adversário de Eu Sou. Supondo que vive, anseia e luta por continuar, por sobreviver. Em sua batalha de sobrevivência, genialmente lança mão dos mecanismos e truques mais sutis e luciferinos para vencer todas as diligências que a alma, já escutando o clamor de Deus (Eu Sou), tenta, no sentido de se libertar. A libertação é inatingível enquanto um diabólico "eu sou Fulano" for vivendo à custa de bem engendradas manobras. Fazendo justiça a Freud, declaro que disso ele entendeu muito.

Todos nós somos um sistema, isto é, um conjunto de componentes que, não obstante individuais, nada valem, se não fizerem parte do conjunto, interagindo com outras partes e mesmo com o todo. Nosso fígado, por exemplo, é um pequeno sistema formado de células. Em conjunto com os demais órgãos, forma um sistema bem maior, que é o nosso organismo. Nosso organismo, nossa mente, nosso componente energético e outros componentes ainda mais sutis formam o grande sistema que é o homem, ainda hoje "este desconhecido".

A previsão da morte apavora porque acreditamos que seja o fim daquilo que nos motiva com maior intensidade: o continuar existindo. Apavora-nos por supormos ser uma imersão sem retorno, no vazio, no nada, no escuro, no desconhecido. Apavora-nos porque a vemos como desagradável despojamento do que acreditamos possuir: coisas, poderes, ideais, riquezas, pessoas "amadas" (?!)... Amendronta-nos por impor distâncias e ausências definitivas.

O verdadeiro Yoga, o verdadeiro Cristianismo, o verdadeiro Budismo e o verdadeiro Vedanta são a Verdade, a "Verdade que liberta" a alma em evolução (jíva) da tirania da morte, pois que nos leva à própria Vida. A Vida é imortal, mas ainda está longe daqueles que existem no "vale da sombra e da morte" (samsára). Quem nos pode salvar da opressão e da morte, do reino luciferino de "eu sou Fulano", senão Aquele que claramente declarou: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida"?!

Já vão tantos milênios de horror à morte que faz parecer impossível defender a tese de que 'thanatos' não é adversário, mas é útil, necessário, e mais: tem poesia e beleza. Sim, a "irmã Morte", conforme São Franscisco de Assis chamava, é uma das expressões, ainda mal compreendidas, da misericórdia de Deus ( O Grande Mistério). Não dói. Não destrói. Não pode, portanto, angustiar aqueles que avançam no Caminho, na Verdade e vivem na Vida.



Prof. Hermógenes,

Um comentário:

MANATEE disse...

Querida professora,
retirei-o como a esquizofrênico pedido.
De suas últimas aulas ainda lembro, mas Id(animal) Ego(personal) e Superego(social) são instâncias da personalidade que juntas a formam, e diverge da psiquê somente após conceituada pelo simples fato da lenda recorrer à curiosidade. Mesmo depois das três tarefas, na quarta recai a curiosidade. Mesmo depois de reatarem Eros e Psiquie ela cai de novo em curiosidade.
A Psiquê é de natureza curiosa e busca as respostas fora e não dentro, onde está o verdadeiro mistério.
O medo é de buscar-me dentro de mim mesmo e encontrar-me, portanto só restaria a morte. E nessa busca, imperiosa é a meditação silenciosa.
Mas acima de tudo, falta-nos permissão ética moral cristã de viver bem conosco, com nosso corpo, nossa sexualidade, vontades e desejos. Terapia Reichiliana de Mauá não foi em vão... escancarou!
Assim desejo que você viva, sabendo viver não pela vazia do constante, mas pela presença do Grande Mistério em cada respiração.
Isso tudo posso reduzir numa só palavra: amar.
Amando, vivo plenamente cada momento sempre.
Vou acabar seguindo seus conselhos e prestar 'psicologias' rsrsrs.
Prazer em conhecer
De Seu eterno aluno
Beijão